quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tras os Montes - Douro




No presente ano de 2006, completam-se 250 anos sobre a data em que o Estado português lançou as bases da constituição da Região Demarcada do Douro e de um sistema de regulação da produção e comércio dos seus vinhos, através do alvará régio de instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, de 10 de Setembro de 1756.

 Independentemente das interpretações históricas acerca do seu significado político, económico ou social, a legislação pombalina assumiu, com notável pioneirismo a nível mundial, conceitos e princípios de regulação e defesa de uma denominação de origem controlada, hoje aceites, genericamente, pela maior parte dos países produtores, em especial da Europa. Na verdade, apesar de ter sofrido, ao longo do tempo, profundas alterações geográficas, institucionais e administrativas, a Região Demarcada do Douro constituiu, enquanto região de origem de vinhos de qualidade, uma continuidade histórica, sendo a sua «paisagem cultural, evolutiva e viva» reconhecida, desde 2001, como Património Mundial pela UNESCO.



Diversidade na unidade 
A Região Demarcada do Douro, onde se produzem os vinhos correspondentes às denominações de origem “Porto” e “Douro”, abrange 250 mil hectares, dos quais 48 mil são ocupados por vinha, e dela fazem parte 22 municípios. 

No entanto, apenas 24 mil hectares, ou seja, um décimo dessa área, que engloba treze concelhos, vai ser classificado pela UNESCO como Património Mundial. Contudo, a zona classificada é representativa da diversidade do Douro, uma vez que inclui espaço do Baixo Corgo, do Cima Corgo e do Douro Superior.

O território do Alto Douro Vinhateiro, área a classificar, integra o vale do rio Douro, que já é considerado Património Mundial nos seus extremos, nomeadamente o Porto, e no lado oposto o Parque Arqueológico do Côa. Os treze concelhos que fazem parte da zona distinguida pela UNESCO são Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real, estendendo-se ao longo das encostas do rio Douro e dos seus afluentes, Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão.

A restante área da Região Demarcada do Douro ficará classificada como “zona tampão”, onde estarão integradas as denominadas aldeias vinhateiras, um projecto da responsabilidade do Ministério do Planeamento que tem como objectivo a requalificação urbana do Douro, de forma a atenuar os riscos que esta candidatura assumiu ao incluir no mapa 60 aglomerados urbanos, muitos dos quais não se enquadram na paisagem característica da região. 

Dos cerca de 600 aglomerados rurais que existem no Douro, foram incluídos no projecto Favaios (Alijó), Provezende (Sabrosa), Barcos (Tabuaço), Salzedas e Ucanha (Tarouca).

Produto do homem e da natureza 
É da reunião das qualidades do solo, das características propícias do clima e do trabalho árduo do homem que se produz um bem único: o vinho do Porto. 

E é em Setembro, no momento da vindima, que o processo tem início, quando as uvas são transportadas pelos homens até aos modernos centros de vinificação ou até aos antigos lagares onde, através dos frutos da terra e do trabalho do homem, se faz o vinho.
Actualmente, o processo produtivo concilia as técnicas mais sofisticadas com séculos de rigorosa tradição. Apesar da maior parte dos vinhos serem obtidos em centros de vinificação que possuem um equipamento de tecnologia avançada, em que a pisa e a maceração são totalmente mecanizados, ainda se podem encontrar locais onde a vinificação é realizada segundo a técnica ancestral, em que o trabalho é feito exclusivamente através da pisa nos lagares.

O resultado final não é um Porto, mas vários Portos, com cores que vão do branco ao retinto e sabores muito variados, como por exemplo vinhos Vintage, Late Bottled Vintage, Colheita, com indicação de idade, Tawny e Ruby.  

Ordem para exportar 
Trezentos anos depois do Marquês de Pombal decretar a demarcação da primeira zona de produção de vinho do mundo, o Alto Douro continua a ser a região vitícola do país cuja exportação gera mais receitas.

Em 2000, o vinho do Porto representou 19 por cento das exportações agrícolas, atingindo valores na ordem dos 80 milhões de contos.

 Segundo dados do Instituto do Vinho do Porto (IVP), nesse mesmo ano foram exportados quase mil hectolitros de vinho, sendo a França o principal destino do néctar português, já que absorveu 30 por cento do total das vendas. Entre Janeiro e Outubro de 2001, Portugal exportou 741 mil hectolitros de Vinho do Porto, um negócio que envolveu 64 milhões de contos.

Ordem para exportar 
Trezentos anos depois do Marquês de Pombal decretar a demarcação da primeira zona de produção de vinho do mundo, o Alto Douro continua a ser a região vitícola do país cuja exportação gera mais receitas.

Em 2000, o vinho do Porto representou 19 por cento das exportações agrícolas, atingindo valores na ordem dos 80 milhões de contos. 

Segundo dados do Instituto do Vinho do Porto (IVP), nesse mesmo ano foram exportados quase mil hectolitros de vinho, sendo a França o principal destino do néctar português, já que absorveu 30 por cento do total das vendas. 

Entre Janeiro e Outubro de 2001, Portugal exportou 741 mil hectolitros de Vinho do Porto, um negócio que envolveu 64 milhões de contos.

Turismo de qualidade: fonte de receitas 
Numa região onde o vinho domina as actividades económicas, tem-se verificado ao longo dos últimos anos um crescimento de algumas actividades paralelas e complementares à viticultura, como o turismo e o enoturismo.

Sónia Cabral, responsável pelo Gabinete Técnico da Associação Comercial e Industrial da Régua, Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião (ACIR), destaca o “ritmo acelerado de crescimento que se tem registado a nível turístico na região duriense”. E na sua opinião “a atracção turística pode ser impulsionada pela aprovação da candidatura do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial da UNESCO”. Paralelamente, “a maior divulgação da região pode ainda ter como consequência o desenvolvimento de actividades paralelas, como o comércio local”, conclui.

Logo a seguir à produção de vinho, o turismo é uma das principais fontes de riqueza desta região. Anualmente são aos milhares as pessoas que visitam o Alto Douro Vinhateiro.
         Na região a aposta é no turismo de qualidade, mais direccionado para a classe média-alta, e por isso mesmo, ao longo dos últimos anos, muitas foram as quintas que se transformaram em empresas turísticas.



Construída à beira-rio, no Pinhão, uma antiga propriedade da empresa Taylor’s Fonseca foi convertida em 1998 no hotel de quatro estrelas “Vintage House”, que associa a decoração inglesa à tradição arquitectónica portuguesa e ao néctar produzido nas encostas do Douro.

O director da Vintage House, Manuel Marques, disse ao Semanário TRANSMONTANO que se pretende “desenvolver cada vez mais um padrão de qualidade turística, numa zona que pode ganhar mais notoriedade com a classificação de património mundial e onde se poderá apostar num nicho de mercado como o enoturismo”. A Academia do Vinho, que junta uma loja de vinhos, um curso e provas daquele néctar, é uma das principais atracções do hotel.



 Douro um mercado de qualidade, acautelar atentados ao ambiente e impedir um desenvolvimento pouco sustentado da região”.
“Durante muito tempo toda a riqueza produzida no Douro era exportada, por isso espero que a partir de agora se desenvolvam estruturas na região que contribuam para o seu desenvolvimento e ajudem a fixar a população” sublinhou.  

Tradição e modernidade 
Por norma, o turista que visita o Douro tem entre os 35 e os 65 anos e possui a carteira recheada. A grande maioria é constituída por portugueses. Mas as encostas durienses e o vale escarpado do rio atraem ainda muitos turistas provenientes de Espanha, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América.

Para além da rota do vinho, a região tem ainda muitos outros factores de atracção turística. As festas populares que em Julho atraem à Régua cerca de 40 mil pessoas para o lançamento do fogo-de-artifício do meio do rio Douro continuam a encantar os visitantes. Mas os turistas podem ainda optar por formas mais modernas de divertimento, como os desportos náuticos ou o festival de música electrónica “Dance In Douro”, que há quatro anos se realiza na cidade, nas margens do rio. 
Por terra, água ou ar 

Actualmente, quem quiser visitar o Douro poderá escolher via-jar por terra, água ou ar. A mais recente inovação vai chegar à região no dia 1 de Março do próximo ano, por intermédio da empresa Douro Azul, que disponibilizará viagens, a partir do heliporto de Massarelos, no Porto, de dez a sessenta minutos, a um preço que pode variar entre os oito e os 165 mil escudos. O proprietário da empresa, Mário Ferreira, referiu que através de um helicóptero, com lugar para seis pessoas, os turistas poderão ver “o esplendor do Douro” de uma forma única.
Nas margens do rio, o caminho de ferro foi construído por volta de 1870 e há dois anos que, entre os meses de Maio e Outubro, os comboios históricos regressam à Linha do Douro, entre a Régua e o Tua, e do Corgo, entre a Régua e Vila Real, num percurso turístico que visa fazer “regressar” os passageiros ao início do século.

O programa “Comboios Históricos do Douro” leva os passageiros, numa viagem a 30 quilómetros por hora, em comboios puxados por uma locomotiva a vapor. A bordo das composições a banda “Bagos Maduros” e uma equipa de quatro pessoas trajadas à época, ou seja, início do século XX, fazem a animação nas viagens.

Os comboios a vapor tiveram uma importância histórica determinante para o desenvolvimento da região do Douro, nomeadamente no escoamento do Vinho do Porto e na comunicação entre as localidades durienses. Aliados ao rio, aos barcos, à vinha e ao vinho, os comboios históricos pretendem afirmar-se como um dos produtos âncora da região. 

Principais uvas

Brancas: viosinho, donzelinho branco, esgana-cão, folgazão, malvasia corada, malvasia fina, rabigato e gouveio.

Tintas: touriga nacional, tinta-cão, tinta barroca, tinta roriz, touriga francesa, bastardo, donzelinho,
tinta francisca e mourisco tinto.






Os indicados pelo júri de Veja Lisboa*




Tintos
(até 15 euros)
• Calços da Tanha Reserva


• Churchill Estates 2003

• Duas Quintas 2003

• Meandro

• Prazo de Roriz 2003

• Quinta do Crasto 2003

• Quinta do Vallado 2003

(acima de 15 euros)
• Chryseia


• Barca Velha

• Esmero 2003

• Poeira 2003

• Quinta do Crasto, Vinha da Ponte 2003

• Quinta do Crasto Maria Teresa 2003

• Quinta do Vale Meão


  • Morgadio da Calçada Tinto Reserva 2007

    Brancos
    (até 15 euros)
    • Castello d'Alba Vinhas Velhas 2004


    • Duas Quintas 2003; Guru 2004

    • Lavradores de Feitoria Três Bagos 2004

    • Quinta de La Rosa 2004

    • Quinta do Vallado Reserva 2004
    • Três Bagos; Valle Pradinhos 2004


    • Morgadio da Calçada Branco 2008
      (acima de 15 euros)
      • Redoma Reserva 2004






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