quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tras Montes - Porto


Terá sido através de um mercador inglês que o depois denominado vinho do Porto passou a ser conhecido e comercializado em Inglaterra. Este mercador, sediado em Viana do Castelo, viajou, a determinada altura, por terras do Douro, tendo ficado hospedado no Convento de Santa Cruz, em Lamego.

Ali foi obsequiado pelos monges, que no final de um magnífico repasto, foi brindado com um saboroso vinho de sobremesa "entre ambarado e fogo, que a Ordem colhia num seu couto ou quinta ribeirinha do Douro".

Este inglês, "estarrecido" com tal bebida, pois nunca tinha provado coisa melhor na vida, depressa tornou a Lamego para "comprar alguns almudes do precioso néctar". Assim se terá começado a conhecer o vinho generoso de Lamego que, pelo rio Douro abaixo, era desembarcado em Vila Nova de Gaia, para, depois de devidamente tratado, ser exportado para o estrangeiro.


Daqui também o nome porque ficou, durante algum tempo, conhecido - Vinho de embarque - cuja verdadeira expansão se inicia, em grande escala, na segunda metade do séc. XVII.

É já no século XVIII, com o Tratado de Methwen, celebrado entre Portugal e Inglaterra, através do qual este país dá condições aduaneiras favoráveis à entrada dos vinhos nacionais, que o vinho do Porto passa a afirmar-se como produto de qualidade internacional, aumentando permanentemente o número de apreciadores e consumidores, não só em Inglaterra, que até 1963 foi o primeiro importador desta bebida de excepção, como em França, que ocupa presentemente esse lugar e, progressivamente, em muitos países do Mundo onde a fama deste vinho conseguiu chegar.

O grande embaixador dos vinhos Portugueses, o mais célebre vinho generoso do Mundo, produzido nas encostas do rio Douro, concelho de Mesão Frio.
O vinho do Porto é um vinho licoroso, produzido na região demarcada do Douro, que pela sua alta qualidade e amadurecimento, goza do privilégio de se denominar generoso.

Controlado pelo Instituto do Vinho do Porto, de modo a obter-se sempre um elevado padrão de qualidade
O teor alcoólico do Porto, varia entre 19º e 22º.
Entre os tipos especiais de Porto, conta-se o vintage (novidade). Porto de uma só colheita, produzido em ano de reconhecida qualidade, retinto e encorpado, de características excepcionais, com aroma e paladar muito finos, e ao qual é reconhecido pelo IVP o direito ao uso da designação e da data respectivas. Para alguns conhecedores, o ano de 1912 talvez tenha sido o de melhor vintage deste século.

A Confraria do Vinho do Porto, fundada em 1982, defende o prestígio de tão famoso vinho.

Berço do Vinho do Porto, o Douro é a primeira região demarcada do mundo (definida pelo Marquês de Pombal em 1756). O vinho do Porto é produzido no Alto Douro, a uns cem quilômetros da cidade do Porto, onde a bebida era comprada pelos ingleses no século XVII, daí a origem de seu nome.


A cor dos diferentes tipos de Vinho do Porto

Pode variar entre o retinto e o alourado-claro, sendo possíveis todas as tonalidades intermédias (tinto, tinto-alourado, alourado e alourado-claro). Os Vinhos do Porto Branco apresentam tonalidades diversas (branco pálido, branco palha e branco dourado), intimamente relacionadas com a tecnologia de produção. Quando envelhecidos em casco, durante muito anos, os vinhos brancos adquirem, por oxidação natural, uma tonalidade alourada claro semelhante à dos vinhos tintos muito velhos.

Doçura
Em termos de doçura, o Vinho do Porto pode ser muito doce, doce, meio-seco, seco ou extra seco.

A doçura do vinho constitui uma opção de fabrico, condicionada pelo momento da interrupção da fermentação. No quadro seguinte, faz-se a caracterização dos vários tipos de Vinho do Porto quanto à doçura.

Enologia


Processo de Vinificação ao longo dos tempos
Até cerca de 1756, a elaboração dos 'vinhos de embarque', como na altura se apelidavam os Vinhos do Porto seguiam o chamado 'processo antigo' de vinificação. A aguardentação (sempre em pequeno volume) só tinha lugar depois de terminada a fermentação, obtendo-se assim vinhos secos.

No ano de 1820, surge o processo de aguardentação dito 'moderno' em que se passou a provocar a paragem da fermentação, daí resultando vinhos com prova adamada. 

Este processo de elaboração só passa a ser generalizado em 1852, altura em que os vinhos começam a se assemelhar aos que hoje encontramos.

Vintages


  • 2007
    Meses de Novembro e Fevereiro especialmente chuvosos, tendo voltado a ocorrer precipitação acima da média em Maio e sobretudo em Junho, principalmente no Douro Superior. Entre Maio e Agosto as temperaturas foram abaixo das médias, em particular no Douro Superior. Apesar de o ano vitícola ter principiado com doenças na vinha, as temperaturas amenas de Agosto e um Setembro seco e quente permitiram obter uvas equilibradas. Vinhos de excelente qualidade, elegantes, finos com estrutura e taninos aveludados. Maior declaração de Vintage até à data.
  • 2003
    Inverno normal e chuvoso. Primavera seca. Temperaturas normais para a época excepto o final de Julho e inicio de Agosto (45º durante o dia e 30º à noite). Temperaturas anormalmente altas durante a vindima. Vinhos encorpados com taninos que lhes conferem bom potencial de envelhecimento. Qualidade excepcional.

  • 2000
    Inverno seco, com menos 15/40% de chuva. Fevereiro e Março quentes, chuva em Abril e Maio. Alguma chuva de Junho a Agosto. Maturação lenta: vindima atrasada duas semanas. Temperatura em Setembro a rondar os 40º. Vinhos de excelente qualidade, concentrados e apelativos desde novos, fruta muito evidente.
  • 1997
    Ano atípico. Inverno seco caracterizado por um mês de Fevereiro quente. Primavera chuvosa e o mês de Maio frio. Verão longo, quente e seco. Vinhos ricos em taninos, sendo alguns de excelente qualidade.

  • 1994
    Um Vintage «monumental», ainda mais intenso que o de 1992, com concentração de taninos e fruto. Segundo escreveu James Suckling, na revista americana Wine Spectator que, em 1997, atribuiu a classificação máxima (100 pontos) aos Vintage da Taylor e da Fonseca, e o primeiro lugar entre os cem melhores vinhos do ano, «Grandes Vintage Ports como os deste ano acontecem poucas vezes numa vida inteira». Declaração geral. Tempo excelente, vindimas em condições ideais, com uvas perfeitas.
     
  • 1992
    Vintage excepcional, com concentração de taninos e fruto.
  • 1991
    Vintage excelente, harmonioso e rico. Verão quente e seco, apenas com chuvas ligeiras no início de Setembro. Vindima em condições ideais.

  • 1989
    Verão muito quente. Vindima precoce, com condições climáticas ideais. Alguns vinhos excelentes.
  • 1987
    Inverno e Primavera muito secos. Maturação lenta. Verão muito quente e seco. Vindima precoce, no início de Setembro. Não foi ano Vintage, devido à baixa produção. Poucas casas declararam, embora fossem feitos vários single-quinta. Vinhos muito finos e frutados.

  • 1985
    Vinhos de aroma muito fino. Qualidade excepcional. Um Vintage clássico, com aromas intensos e uma estrutura firme em frutado e taninos. Quase todas as empresas declararam. Tempo excelente. Início do Inverno frio, mas Fevereiro e Março quentes. Alguma chuva na Primavera e temperaturas normais até ao Verão. Junho muito quente, a que se seguiu um Verão normal. Vindima em condições perfeitas.
  • 1983
    Inverno seco e grande parte da Primavera chuvosa. Floração pobre em muitas vinhas. Ano anormalmente frio, incluindo o mês de Agosto. Setembro quente. Vindima tardia e perfeita. Alguns Vintage excepcionais. Algumas casas não declararam, porque optaram por declarar o ano anterior, embora o de 1983 seja considerado melhor por diversos enófilos. Rico em taninos, muito aromático e com grande capacidade de envelhecimento.

  • 1982
    Ano muito seco. Inverno frio. Boa floração. Verão muito quente. Uma das vindimas mais precoces. Fraca produção, mas boa qualidade, vinhos delicados e elegantes, com grande concentração de aromas. Muitas empresas declararam.
  • 1980
    O Inverno foi seco. A floração (pobre) decorreu com tempo chuvoso e frio, mas o Verão foi quente e seco, chovendo apenas em finais de Setembro, antes das vindimas. Qualidade excepcional, mas quantidade abaixo do normal. Vinhos retintos e frutados. Quase todas as empresas declararam.

Principais uvas

Brancas: viosinho, donzelinho branco, esgana-cão, folgazão, malvasia corada, malvasia fina, rabigato e gouveio.


Tintas: touriga nacional, tinta cão, tinta barroca, tinta roriz, touriga francesa, bastardo, donzelinho,
tinta francisca e mourisco tinto

O que diferencia
um Porto de outros vinhos é que sua fermentação é interrompida com adição de aguardente vínica, o que preserva o açúcar natural da uva e gera uma bebida com gradação alcoólica entre 19º e 21º vol.

Existem seis tipos de Vinho do Porto: Branco, Ruby, Tawny, Com Indicação de Idade, Colheita e Vintage. Este último, vinho de uma só colheita, é o que produz os exemplares de Porto mais excepcionais.

Os indicados pelo júri de Veja Lisboa*

• Dow's, Vintage

• Fonseca, Vintage

• Graham's, Six Grapes

• Krohn, Colheita

• Graham's, Vintage Port

• Niepoort, Vintage

• Noval Nacional, Vintage

• Porto Branco Taylor's chip-dry

• Quinta da Casa Amarela, Porto Branco

• Quinta do Vale D. Maria, LBV

• Taylor's, Vintage Port; The Tawny, Graham's

• Taylor Chip Dry

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